sexta-feira, 11 de julho de 2008

Miseráveis

Ao parar o carro em uma sinaleira, em Porto Alegre, alguns dias atrás, fui abordado por três criancinhas que mal sabiam falar o tradicional “dá um troquinho aí, tio”. Triste cena que acontece com freqüência. Mas, desta vez, o choque foi maior pois as crianças eram muito pequenas e formavam uma escadinha de irmãos. Não foi difícil localizar a mãe deles, próxima dali, com um outro irmãozinho menor ainda ao colo. Como é difícil aceitar a triste realidade da existência de pessoas que vivem em condições de vida miserável e sem perspectiva nos subúrbios, periferias, guetos e favelas. Sempre fiquei em dúvida se deveria ou não dar esse tipo de ajuda, embora acredite que para essas pessoas envoltas na desesperança e na absoluta falta de perspectivas, a solução esteja no exercício da solidariedade. Uma lição de casa que temos dificuldade em aprender é que a falta de solidariedade gera violência na mesma medida e proporcionalidade.
Todos aqueles que possuem a capacidade de mudar, de fazer algo melhor para todos e não apenas para alguns poucos, podem e devem tomar atitudes que produzam a mudança. Atitudes que possam trazer uma perspectiva concreta de melhora, de modo total e diametralmente oposto aos atuais. Faz-se uma força enorme na tentativa de esquecer quem realmente somos, ou seja, seres humanos que vivem em coletividade e que carecem da solidariedade para uma vida melhor. Não é apenas a falta de comida, a falta de abrigo, a falta de emprego, mas também a falta de perspectiva, a falta de esperança, a falta de fé que nos deixa cada dia mais distante de nós mesmos.
Está mais do que na hora de encontrar soluções para essa questão tão complexa. Será que os governantes sejam da esfera federal, estadual ou local possuem vontade de trabalhar para minimizar a miséria humana? Os políticos, sejam de esquerda, de direita ou de centro, com todo o poder que dispõe, através de projetos de lei, emendas, destinação de verbas, realmente querem acabar com a desesperança desses miseráveis? A impressão é que no final das contas, o que de fato importa são os interesses de alguns, de poucos, que possuem muito, muito que apenas tem significado para quem tem e que quer sempre ter mais. Do jeito que vai, tudo continuará exatamente como está.

Um comentário :

Caroline disse...

Infelizmente é triste esta cena de crianças pedindo esmolas na rua! O pior é saber o que fazer nessa situação!

Com o coração apertado e morrendo de pena... eu prefiro dar alguma coisa!

Mas quem tem o poder mesmo de mudar isso, sequer sabe da existência delas, ou finge não saber!